domingo, 3 de julho de 2011

Drogar-se ou não drogar-se? Eis a questão:

Qual a motivação de alguém que luta uma batalha que o resultado já é bastante previsível? Mais: qual a motivação para CRIAR essa guerra e se esforçar tanto em sua manutenção diante não mais de previsões, mas de resultados concretos, de derrota após derrota? Não pode ser simples ignorância, é absurdo pensar que somos governados por pessoas sem o mínimo de pensamento lógico, que nossos representantes, em sua maioria, são tão incompetentes e ignóbeis quanto tentam manter a população que representam. Será que a imagem de que a população em sua coletividade é estúpida, força nossos líderes a se mostrarem estúpidos para serem aceitos como verdadeiro reflexo de seus eleitores e assim continuar no poder?

 Acho que não. É uma estranha e triste coincidência que grandes “mentes pensantes” de repente, quando chegam aos jogos políticos, tenham sua visão tão estreitada e capacidade de reflexão tão engessada.  Unindo meu otimismo com a vontade de não ser ingênuo em subestimar as pessoas, a conclusão é que há um motivo, e que seu objetivo é tão filantrópico quanto ingênuo.

 Então, vamos às teorias conspiratórias:

“A indústria Norte-americana do nylon (derivado do petróleo), teme a concorrência com o tecido de cânhamo: três vezes mais durável, dez vezes mais forte que o algodão, natural em contraposição ao nylon, ecológico, rende muito mais que o algodão, cresce mais rápido, é mais barato, produz muito em pequena propriedade, recebe melhor os pigmentos, um tecido que respira mais...
A Nylon Du Pont foi quem financiou a campanha de difamação da Cannabis, financiou parlamentares pra criarem Leis proibindo-a. O Sr. Lammont Du Pont financiou a cadeia de jornais de Bill Hearst, comprador dos químicos da industria Du Pont, para atingir a opinião pública.
Andrew Mellon, proprietário da petrolífera Gulf Oil, Secretário do Tesouro dos EUA, emprestou dinheiro à Du Pont pra comprar a General Motors e forçou o Congresso a aprovar Leis pra criminalizar a maconha e pra diminuir impostos às petrolíferas... Petróleo gerador do nylon.” (retirado de: http://eunamatrix.blogspot.com/2009/06/ignorancia-parte-2.html)

 Li outra matéria há alguns anos, dizendo que a proibição da maconha nos EUA foi uma forma de (legalmente) discriminar os mexicanos  que viviam no país (manter certo controle social) – que eram em sua maioria agricultores e tinham o hábito de fumar a planta –, além de alavancar a venda de jeans – em função de favores políticos -, já que a cannabis era uma comum matéria prima para a produção têxtil, tanto é que se especula que canvas - como são denominadas as telas para pintura em várias partes do mundo - seja uma corruptela da palavra cannabis, da qual as telas para pintura e velas de navios, por exemplo, eram confeccionadas antigamente.

 E uma das minhas preferidas: capitalismo. A política e os lucros obtidos com o tráfico de drogas possuem não só uma estreita, como também “amigável” relação: 1- alguns traficantes podem ter se tornado políticos ao longo do tempo; 2- alguns políticos podem ter ser se tornado traficantes ao longo do tempo. 3- traficantes e alguns políticos mantêm uma relação na qual ambos lucram.

 O tráfico de drogas existe com a força que tem hoje, por causa da campanha de guerra contra as drogas. Quanto mais dinheiro se investe em seu “combate”, mais investimento é feito também por parte dos traficantes na administração de seu tráfico, isso inclui refinamento nas operações, especialização nas várias áreas das quais o tráfico depende e a compra de armamento bélico, mercado que em boa parte é alimentado pelo tráfico, gerando um ciclo bastante cômodo. E mais dinheiro empregado pelo governo no combate às drogas significa menos dinheiro empregado em outras áreas, além de uma possibilidade a mais para oportunidades de desvio de dinheiro público. O usuário alimenta o tráfico? A proibição alimenta o tráfico. Um grande exemplo conhecido há muito é o da lei seca nos anos 1930 nos EUA, que tornou célebres e ricos muitos gângsteres da época - entre eles o mais conhecido deve ser Al Capone.

 A legalização ou descriminalização das drogas diminuiria drasticamente os lucros dos traficantes, que migrariam para outras atividades ilícitas: uma grande falácia. Os traficantes já usam o dinheiro obtido com o tráfico para financiar crimes em outras áreas, e muitas vezes outros tipos de crimes são cometidos em função do tráfico de drogas. Mesmo que houvesse um aumento na prática de alguns crimes, o dinheiro jogado fora no combate às drogas poderia ser empregado no combate a esses crimes, com mais foco e eficiência. Digo “dinheiro jogado fora”, porque se esses investimentos realmente trouxessem um resultado desfavorável aos traficantes, não veríamos o crescimento e o aperfeiçoamento do tráfico ao longo dos anos.

 O tráfico provavelmente continuaria existindo com a legalização das drogas, mas em uma escala muito menor, porque já não compensaria tanto investimento na atividade nem no combate a ela. Seria algo como o contrabando de bebidas, cigarros, e produtos falsificados, que são um problema por sua qualidade, mas principalmente para os cofres públicos que deixam de arrecadar milhões com essa prática. Isso me leva a conclusão de que se existe algo que o governo permite, alguma parte de bastante influência está ganhando com a atividade.

 Muitos defendem que a maconha é uma porta de entrada para outras drogas. Isso é verdade, apenas porque o traficante que vende a maconha, também quer vendar a sua cocaína, o seu crack e qualquer outra coisa que lhe traga lucro. Apesar de não possuir vícios, sou um usuário esporádico de bebida alcoólica (como a coisa parece bem mais pesada posta dessa forma, não é?), sou a favor da descriminalização de quaisquer drogas, porque com controle sobre seu uso, o governo poderia aproximar as pessoas para um tratamento, ao invés de empurrá-las cada vez mais para perto dos traficantes. Além de que considero injusta essa proibição conveniente de drogas. Vamos proibir o uso das drogas? Então vamos definitivamente proibir o uso das drogas, aí podemos criar mais prisões e abarrotá-las ainda mais de gente. E você que sofre de enxaquecas, por exemplo, vai ser atirado atrás das grades se tomar alguma droga que alivie seu sofrimento e traga mais conforto e qualidade para sua vida.

 Dizer que o afrouxamento nas restrições às drogas influenciaria as pessoas em seu uso, é o mesmo que dizer que a liberação de drogas como bebidas alcoólicas, tabaco e café, por exemplo, incentiva as pessoas ao uso dos mesmos. É muito mais uma questão de informação e formação sócio-cultural do que qualquer outro fator que leva ao uso ou não-uso dessas substâncias.

 O foco de qualquer sociedade que aspira progresso deve ser a educação, a real conscientização do que é e do que deixa de ser, não uma oposição baseada no que alguns interessados simplesmente desejam que se acredite porque lhes é conveniente. É importante esclarecer as coisas, nunca mentir ou manipular dados. Maconha não mata, mas pode viciar, assim como o chocolate – substância psicoativa mais consumida no mundo -, ou o álcool – mas esse podendo levar à morte inclusive por intoxicação.

 Talvez se discuta tanto hoje em dia sobre a liberação da maconha, em boa parte pela pressão da indústria que visa lucros, na produção têxtil, de combustíveis, medicamentos e outros produtos industrializados que podem ser obtidos por meio da planta. E tudo isso com menor custo e maiores benefícios, já que o cultivo da cannabis ativa não necessita de agrotóxicos, cresce à grande velocidade, e toda a planta, desde suas sementes, pode ser aproveitada. Lucros que os governos não querem deixar de ganhar. Apesar de ser por motivos pouco nobres, espero que essa discussão, no final contribua para o amadurecimento da sociedade, mesmo que esse não seja o foco principal.

 Não apoio o uso de drogas, sou contra quaisquer vícios, mas antes, sou a favor da coerência e contra preconceitos em geral. Não sou viciado em qualquer droga, estou ciente dos males que causam, no entanto estou ciente dos males que causam o seu combate e dos benefícios que elas trazem em determinados usos. Um mundo sem drogas NUNCA existiu e nunca vai existir. Você, viciado em aspirinas ou descongestionantes nasais é um “drogado”, dependente de substâncias que trazem riscos à sua saúde sim, mas você é um usuário de drogas legais. Por isso você é menos “drogado”? Não, apenas as drogas são diferentes (para quem se interessa pelo assunto, sendo contra ou a favor, sugiro que assista ao documentário quebrando o tabu, atualmente nos cinemas).

3 comentários:

  1. 03/07/2011 17:18 - JJ2 *
    Olha o fumacê retórico aí. Lógica não é a praia da viagem do seu texto. Você equipara, como todo militante pró descriminação, supostas "drogas" como café e chocolate (e o bacon e a gordura trans?) com a maconha. Isso tem nome: vigarice intelectual. Café e chocolate não alteram o estado de consciência de ninguém, e o alcóol? Pera lá. O debate é sobre descriminação ou proibição de drogas lícitas? VOcês, os retóricos pró maconha, adoram fazer essa confusão. Mas o pior é em relação a estupidez de dizer que a proibição contribui com a prática! Santo Deus! É melhor, então, descriminar todos os crimes para que não aja crime! Uma insensatez sem tamanho. Será que os neurônios já foram afetados? Não, não, é só ideologia vagabunda (ó o Capitalismo malvado sendo crucificado ali acima) contribuindo pra viagem dos "descolados". Pff. www.excria.zip.net

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  2. 03/07/2011 18:12 - Sandman
    huahuahua to vendo como o senhor JJ2 é espertao: "Café e chocolate não alteram o estado de consciência de ninguém". você sabe o que significa dizer que uma substância é psicoativa? explico: quer dizer que ela causa alterações no estado de consciência. Meus neurônios não foram afetados pelo uso da maconha e nem teriam como, pois eu não sou fumante de qualquer tipo. Em nenhum momento eu falo em descriminalizar "os" crimes, mas se você acha válido crimializar toda açao humana passível de vício, boa sorte pra você em sua bolha de alienação. Parece que você leu apenas as partes do texto que lhe pareceram convenientes. E sim, bacon e gordura trans fazem mal, e quero continuar tendo o direito de entupir minhas veias com gordura o quanto eu quiser. O capitalismo sendo sacrificado? O mundo atual é capitalista pragmático e interesseiro. Você acha divertido as consequências do acúmulo de riquezas de alguns poucos? O capitalismo sacrifica a si mesmo e o povão o adora, esperando um dia ser parte do topo da pirâmide. Há casos documentados de morte por overdose de cafeína, de maconha nenhum. E a "viagem" do meu texto, é sobre como as pessoas são hipócritas: essa droga pode pode e essa não. Por que? Preocupação com a sociedade? Ta bom... E citei um exemplo histórico de que a proibição contribui com o tráfico. Na verdade, nos anos de lei seca, foi o período que mais cresceu o consumo de bebidas alcoólicas nos EUA. Não quero parecer muito rude, mas sua crítica me pareceu um pouco agressiva...

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  3. 03/07/2011 22:01 - Antoni Wroblewski *
    A real é que as drogas são o futuro da sociedade. Aponte uma pessoa que nunca usou uma substancia viciante, psico-ativa, ou que se destine a alterar as reações quimicas do nosso corpo, e estará apontando um indivíduo que não tem contato social algum. A grande diferença entre as droga slicitas e ilicitas esta na arrecadação do capital para o Estado, uma vez que desde a carne, o leite, os vegetais, estão encharcados de substancias que alteram suas propriedades biológicas e que são transpassados para cada pessoa que os ingere. De fato alguma sdrogas agem de modo mais direto ao organismo, mas dizer que uma é maís "feia" ou menos " feia" que a outra é um discurso com argumentos fracos. O fato das drogas ilicitas, ou licitas, circularem livremente, ou quase livremente, nos meiso urbanos se deve que o Estado não se preocupa em realmente proibilas, e se se preocupasse estaria agindo inicialmente em cima das drogas licitas que matam tantas pessoas quanto as supostamente ilicitas - livres de impostos -.

    continuação (...)As drogas circulam livremente por que os governos acabam por se beneficiar com os frutos que elas trazem para a sociedade, por vezes sendo os representantes do Estado beneficiados diretos com o livre comercio da industria da droga. Basta a pergunta, alguem realmente percebe alguma ação séria repressora ao comercio das drogas ilicitas ? É de obvio que não, reprimir a venda das drogas ilicitas não interessa aos representantes do Estado, que lucram com os frutos de uma população viciada. Quanto as droga slicitas, estas estão diariamente viciando e matando pessoas, causando doenças tão graves como a silicitas tais quais canceres, mutações virais, deformando o corpo e a mente das pessoas que as consomem livremente achando que " o Estado apenas licencia o que é bom par a apopulação". REalmente legalizar ou nãoa s droga silicitas não fará diferença alguma do atual cenário perfeito em que nos encontramos, - perfeito par aos lideres de Estado e a população formada por gado no pasto esperando o abate-.

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