Vontege

Esse é o projeto de um livro, onde tento misturar um pouco de fantasia, e influência de games RPGs, mas sem a intenção de escrever algo infantil.


 Era noite, Vontege está sentado sobre uma mesa, encostado à parede. Seus olhos pesam, fundos e cansados, apesar de seus 25 anos. Sua mão mal consegue segurar sua espada, que agora ele tenta limpar dos resquícios de sangue. Observa sua perna direita, com um corte que vai dificultar sua caminhada na manhã seguinte. Ele vai aguentar mais uma manhã? O cansaço da luta permeia seu corpo, não a luta de momentos atrás exatamente, mas o acúmulo de todas que teve durante sua vida, desde que consegue se lembrar já sofreu muitos ferimentos, e apesar de endurecerem sua aparência jovem, parecem se acumular em seu olhar, e em algumas noites, como esta, vazam para todo seu corpo, mesmo sem muitos cortes à vista.

 Ele abre seu saco de viagem e retira um pouco de carne defumada, come alguns pedaços e bebe um pouco do forceno de seu cantil. Espalha um pouco da bebida sobre o ferimento da perna. Olha para o céu escuro através de um buraco no teto, pensa se talvez não seria melhor desistir de lutar. Cair no chão e ali ficar, sem erguer sua espada novamente. Mas ele não é assim, parece que não conseguiria mesmo que tentasse, pelo menos por enquanto. Mas até quando seu corpo, sua alma podem aguentar? Parece que as lutas nunca têm fim, sem descanso, sem grandes recompensas, apenas mais um dia para permanecer vivo e seguir, para mais uma batalha.

Ele se separou de seus dois amigos há algumas horas, fugindo de uma emboscada de uma colônia de parasitas na cidade de *ffffffffffffffff*, e pensa se eles estão em melhores condições. Um barulho no cômodo adjacente ao que Vontege está. Ele se levanta e empunha a espada. Pensa: “vamos lá... Mais uma vez”. Anda com cautela na direção de onde veio o ruído, sente-se um pouco tonto, sua visão fica um pouco turva.
 - Vontege?
 Vontege recupera o foco, encara a figura envolta em sombras à sua frente. Por seus olhos passa uma pequena faísca de cor esverdeada, por sua mão, e toma conta da espada que brilha carregada de eletricidade.
 - Pare! Eu não vim aqui para lutarmos.
 Mas ele não ouve mais. Em um impulso, usando o que lhe resta de força, avança rápido com a espada apontada para a sombra, mas sente uma dor aguda em sua perna direita, sua visão fica turva mais uma vez, ele diminui a velocidade de sua corrida, começa a cambalear e tomba, bem aos pés de seu oponente, e seus olhos se fecham.


 Pela manhã, Vontege abre os olhos com um pouco de dificuldade, a luz do sol incomoda seus olhos. Ele começa a se levantar e percebe um grande homem sentado a sua frente, imediatamente ele leva a mão a cintura em busca de sua espada, não a encontra e olha para os lados enquanto se afasta do homem, no entanto sente um pouco de fadiga e um pouco confuso.
 - Aqui está sua espada.
 O homem pega a espada que estava no chão ao seu lado e a oferece às mãos de Vontege. Ele olha o homem com curiosidade, pois esse tem características peculiares: é alto e corpulento, aparentando ter em torno de 2,20m de altura; cabelos e barbas castanhos e longos, sem grandes cuidados; usa uma roupa de tecidos bastante fibrosos, em tons de palha, marrom e verde; e a parte mais curiosa, é que tem algum tipo de cipó enrolado em seus braços, que vai camisa adentro, e de suas costas passando por uma abertura da camisa, sai um tipo de planta que parece sair de sua própria coluna vertebral.
 - Quem é você?!
 - Arvomade.
 Arvomade tinha uma aparência tranquila, serena, sentado com as pernas cruzadas enquanto um pouco de sol batia em seu rosto.
 - O que aconteceu? O que você quer comigo?
 - Alguns dos parasitas que te atacaram ontem à noite usaram veneno de suguida em suas lâminas, se eu não tivesse te achado, agora você provavelmente não teria forças nem para abrir os olhos, e amanhã já estaria em um estado vegetativo.
 - Como eles conseguiram algo desse tipo? E por falar nisso, eles pareciam bem mais equipados do que seria de se esperar.
 - É exatamente por isso que eu estou aqui. Eles estão recebendo auxílio.
 - De quem? Para quê?
 - Aparentemente dos soldados de Fordiscipli. Para parar você.
 - Eu?
 - Você não está indo atrás deles?
 - É... mais ou menos... Na verdade minha intenção era ir o mais longe que eu pudesse e fazer o maior estrago possível naqueles desgraçados. Mas pará-los? Acho um pouco difícil. Ainda mais agora que não tenho a mínima idéia de onde estão meus amigos.
 - Nós os encontraremos.
 - Nós? E o que você acha que sabe sobre mim? O que você quer?
 Eu pertenço ao povo de sabávores, ocultos nas florestas de Sabedida. Nós tentamos viver em paz, conservando um elo com a natureza e sem interferir no mundo exterior. Esse elo com a natureza nos permite algumas vezes, em ocasiões especiais, visões pertinentes ao futuro. Uma dessas visões está relacionada ao meu nascimento, por isso meu nome significa “a árvore que anda”. Foi visto por meu pai, um dos anciões mestres dos sabávores, que ao contrário do que costuma acontecer entre nós, eu deixaria a vila e viajaria longas distâncias na busca de parar um grande mal. Há seis meses eu tive a visão de uma espada gigante rasgando céus e montanhas, e em meio a muita destruição as nuvens cobriram tudo o que os olhos alcançavam, das nuvens saíram braços segurando a espada e um raio verde desceu sobre ela partindo-a, e na poeira baixando havia a silhueta de um jovem segurando uma espada envolta em eletricidade verde. Obviamente esse é você.
 - Absurdo. Eu não tenho toda essa força. Além de que não sou o único do povo de Raistiça andando por aí.
 - Há você e mais dois, você sabe disso. Eu não pude ver com nitidez o espadachim, mas a espada com certeza era essa: Vontaca.
 Arvomade aponta para espada nas mãos de Vontege.
 - E você quer que eu ajude a proteger seu rabo agora que seu povo começou a ter pesadelos envolvendo eles? Não gosto de covardes.
 - Não somos covardes. Nós tentamos viver em harmonia, e fazemos o que achamos necessário para o equilíbrio do mundo.
 - E onde vocês estavam na grande guerra, enquanto povos e mais povos eram exterminados?
 - Nós tínhamos consciência do que acontecia aqui. Muitos de nós foram enviados para curar e salvar feridos. Nossa política de não interferir nos assuntos externos ao nosso povo se deve ao fato de tentarmos nos manter como a natureza e deixar que o mundo siga seu rumo. Não achamos correto impedir que vocês se matem se vocês se esforçam tanto para isso. Mas agora é diferente, as visões de meu povo não indicam apenas guerra, elas mostram grande desequilíbrio no mundo em que vivemos, e talvez o fim dele. Não se trata de salvar o “meu rabo” ou o de meu povo, e sim impedir o desaparecimento de nosso mundo. Mas as visões sobre isso são muito obscuras, não temos certeza do que está acontecendo.
 - Se vocês tivessem se unido conosco na grande guerra desde o início, talvez muitas vidas tivessem sido poupadas.
 - Você era muito jovem naquela época, acho que você devia ter algo em torno de sete anos de idade. Você sabe por que aconteceu a guerra?
 - Não os detalhes. Meu mestre me contou que foi por causa das pedras de energura.
 - Não foi tão simples assim:

(continua)

3 comentários:

  1. Lauro Jubitando e Formigamente falando.
    História imagináveis do osnofa

    O Lauro do Jubito e o Aurélio Buarque de Holanda tinham alguma coisa em comum, os dois garantem que a formiga é um inseto; o Lauro na prática e o Holanda teoricamente, já o osnofa imagina que a formiga é um bicho. Nada melhor do que discordar de quem tem razão. Um dia o Lauro do Jubito tocava bandolim no alpendre de sua casa e a música era o Trenzinho Caipira, do Heitor Villa Lobos, fiquei parado na porta da casa do Lauro por alguns minutos, ouvindo e curtindo a beleza deste momento, foi tempo o suficiente para que um enxame de formigas picasse meus pés e as minhas secas canelas, a vontade era de sair correndo, mas formigamente falando o Jubita me acudiu dizendo assim: bate os pés meu rapaz e passa as mãos nas canelas que as formigas vão embora e assim fiz. Depois disso o Trenzinho Caipira foi tocado por mais umas duas vezes e as formigas foram embora.
    Fiquei ali proseando e ouvindo-o falar sobre as formigas, nossa, nunca tinha imaginado que uma pessoa poderia saber tanto de formigas, o Lauro era Phd em formigas, sabia tudo, o que elas costumavam alimentar, porque tinham asas e tamanho diferenciado, cabeças grandes ou pequenas e tão miúdas como a ponta de um alfinete, estilos, cores e tamanhos, etc. Diante de tanta sabedoria me desculpei e falei para o Lauro do Jubita, desconsidero o que eu pensava sobre o biótipo das formigas, prá mim elas eram bichos, mas agora sei que são insetos. E aí chegaram os amigos do Jubita, o comerciante Francisquinho e o meu tio Geraldo do Eduardinho, dois bons violonistas de violão nas mãos. Imaginem, se estava bom o Trenzinho Caipira, ficou melhor, depois disso tive que ir embora, pois o Lauro e os amigos tinham que ensaiar algumas músicas para uma seresta que estava marcada naquele sábado. Confesso que não me esqueci das formigas, tanto pelo que o Lauro me ensinou sobre elas e pelas mordidas nos pés e nas minhas secas canelas.
    Continuei passando ali na casa dos Jubitos e parando para ouvir o Lauro tocar a suas músicas preferidas para o deleite público, um dia violão, outro dia bandolim, viola e cavaquinho, o talento musical é um dom da família Matos, coincidência ou não as formigas sempre me mordiam, eu batia os pés e passava as mãos nas minhas secas canelas e elas me deixavam em paz.
    Espiritualmente isto poderia ser um carma, nunca fui tão mordido por formigas, um inseto que eu considerava ser um bicho, cheguei a questionar esta situação com o amigo. O mesmo sempre foi um homem sério e comedido devido ao seu trabalho como dono de Cartório de Registro de Nascimento e Casamento. O Lauro do Jubito depois de ouvir minha queixa e meu questionamento caiu na risada, e sem saber o porque de tanto riso fiquei na duvida se ele estava rindo de mim ou prá mim e discretamente perguntei o que estava sucedendo e por que tanto riso, depois de se recompor do excesso de riso o Lauro do Jubito me respondeu educadamente com a sabedoria de um mestre. Moço você sempre vem me ouvir tocar e toda às vezes é mordido pelas minhas formigas, hoje você não imagina o quanto está atrapalhando as coitadinhas, estão todas em filas e de malas prontas para embarcar no Trenzinho Caipira do Heitor Villa Lobos, com destino a São Petersburgo, onde vão participar de um congresso com os meu amigos cientistas Dr. Bolostroque e Dr. Lascotine e você fica aí no meio do caminho atrasando a viagem delas.
    A sabedoria do mestre Lauro do Jubita me fez lembrar o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, de Itabira para o mundo com toda simplicidade, “No meio do caminho tinha uma pedra/Tinha uma pedra no meio do caminho”... Obrigado Jubita! Obrigado poeta!
    Osnofa.una@hotmail.com

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  2. Gostei,espero com este causo, encontrar alguma Editora que queira publicar o meu livro de causos...osnofa.una@hotmail.com

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  3. cara, o negócio é você mandar seu material pra editoras que publiquem textos com estilo semelhante ao seu. normalmente elas pedem o material escrito em papel. procura na internet e entra em contato com elas por e-mail para ver se estão aceitando material novo, ou manda direto por conta e risco pro endereço deles.

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