quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Egito, Êxodo e Deus: Parte I a: O faraó monoteísta e um panorama sobre o Egito à época do êxodo

  Esta é uma pequena série de textos mostrando uma alternativa ao ponto de vista consensual sobre o êxodo do Egito, o Egito nessa época e a formação da religião judaica que por sua vez deu origem ao cristianismo e ao islamismo. Os textos serão divididos em duas partes. A primeira parte será dividida em quatro partes menores.
  Estes textos são uma espécie de resumo, trechos retirados do livro “TUTANCÂMON a verdade por trás do maior mistério da arqueologia" (título original: Mercy), de Andrew Collins e Chris Ogilvie-Herald, Editora Landscape, 2004. o livro é muito mais abrangente e detalhado do que mostrado aqui, com inúmeras referências e pontos de vista alternativos sobre os temas abordados. Nesse resumo suprimi as referências e adotei os pontos de vista escolhidos como mais prováveis e necessários para o desenvolvimento do raciocínio dos autores. Quaisquer dúvidas ou pedidos de referências, podem comentar que responderei.
  Estes textos, obviamente, estão muito aquém do original, no entanto, conseguem mostrar satisfatoriamente que o que sabemos talvez não seja exatamente da forma que pensamos ser. Para todos que se interessam pelo Egito, religiões, História e pela incessante busca pela verdade.


  Parte I a: O faraó monoteísta e um panorama sobre o Egito à época do êxodo:

 
  A Heresia de Amarna

  Depois de haver governado Tebas, capital do novo Império, durante quatro anos, igualzinho a todos os outros faraós de sua época, Aquenaton rompeu com o politeísmo tradicional já praticado no Egito há quase dois mil anos. Em seu lugar, adotou uma forma de monoteísmo, centralizado na figura do deus Aton (Aten). De acordo com as inscrições que chegaram até nós, ele era uma deidade onipotente e bissexual, simbolizada pela luz e calor dos raios solares.
  Ao mesmo tempo, Aquenaton proibiu o culto a qualquer outro deus ou deusa. Destituiu os sacerdotes de seus cargos, permitiu que seus templos caíssem aos pedaços, desviou as verbas deles para o Templo de Aton em Aquenaton, baniu todas as formas de idolatria e mandou raspar os nomes dos antigos deuses. Os únicos templos que continuaram funcionando eram os que serviam ao culto do deus-sol Re (que às vezes se pronunciava Rá), o qual, sob seu aspecto de Re-harakhty (harakhty, Hórus no horizonte), foi adotado como uma forma do deus Aton.


  A ascensão de Tutancâmon

  O reinado de Aquenaton terminou de repente. Ninguém sabe porque, embora o fato de terem morrido vários membros fundamentais da família real nos últimos anos de seu reinado não pode ser mera coincidência. Seu sonho durou apenas doze ou treze anos e, depois do breve reinado de seu sucessor Smenkhkare, a restauração das antigas religiões começou a sério com o rei seguinte, Tutancâmon, que nessa época adotava o nome de Tutankhaten. Ele casou-se com a segunda filha mais velha sobrevivente do rei, Ankhesenpaaten (mais tarde Ankhesenamum), que Aquenaton já havia adotado como sua esposa real depois do casamento de Meritaten com Smenkhkare.

  No início, Tutankhaten governou na cidade de Aquenaton em Tel-El-Amarna, mas o menino-rei logo mudou-se de lá para Mênfis, onde instalou sua corte imperial. Ao mesmo tempo, Tebas retomou seu papel como principal centro religioso do Alto Egito – onde um palácio real voltou a ser construído. Além disso, tanto o rei quanto a rainha mudaram seus nomes para homenagear Amon, em vez de Aton.

  Tutankhaten não devia ter mais de nove anos nessa época, e portanto, governar o país era tarefa a ser desempenhada por outros, mais capazes. O general Horemheb tornou-se Vice-Rei e Regente, assumindo os assuntos militares e políticos de Mênfis, ao passo que Aye, o antigo vizir de Aquenaton, tornou-se conselheiro pessoal do menino-rei e administrador de todos os assuntos religiosos. Mesmo assim, embora Tutancâmon e a esposa Ankhesenamum parecessem ter abandonado o culto a Aton centralizado na cidade de Aquenaton o jovem faraó pouco fez no sentido de abafar a heresia de Amarna. Aliás, fica bem claro por vários objetos encontrados em sua tumba, que tanto ele como Ankhesenamum continuaram venerando Aton durante suas vidas inteiras.


  A época do rebelde

  O preço que Aquenaton pagou por abandonar os velhos deuses foi terrível. Sob as ordens do general militar Horemheb, que assumiu o trono depois do breve reinado de quatro anos de Aye, a cidade de Aquenaton foi destruída até os alicerces. Todas as referências ao temido deus Aton foram expurgadas das inscrições, e as estátuas de Aquenaton foram enterradas ou destruídas. Além disso, Horemheb mandou remover os nomes dos quatro reis de Amarna – Aquenaton, Smenkhkare, Tutancâmon e Aye – dos registros oficiais, e prolongou seu reinado para trás, divulgando que havia começado no ano em que o pai de Aquenaton, Amenhotep (Amenófis) III, deu início a uma co-regência com seu filho. Em documentos oficiais da época em que Horemheb estava no poder, há referências à época “do rebelde”, ou do “criminoso de Aquenaton”.

  Como exemplo da forma pela qual Horemheb considerava adequado banir até mesmo Tutancâmon dos registros oficiais, mandou raspar à força de cinzel o nome do Rei da Estela da Restauração, substituindo-o pelo seu. Como ele mesmo havia dirigido a restauração das velhas religiões durante o reinado do menino-rei, obviamente achava que tinha todo o direito de reivindicar a autoria desse feito.


  Smenkhkare

  Pouco depois da morte de Aquenaton, por volta de 1530 a.C., Smenkhkare governou o Egito em Tel-el-Amarna e Mênfis, centro administrativo do Baixo Egito, durante mais ou menos três anos. Tomou como sua esposa real Meritaten, que já havia gerado um filho do pai. Além do nome Smenkhkare, usava o prenome Ankhkheperure, e existem inscrições que evidenciam a existência de um co-regente que governou com Aquenaton, chamado Ankhkheperure Nefernefruaten, e que se presumia ser Smenkhkare. Para complicar ainda mais a questão, Nefertiti também usava o nome Nefernefruaten.
Praticamente todos os estudiosos do período de Amarna concordam que Nefertiti adotou o título de Ankhkheperure nefernefruaten ao se tornar co-regente com o marido Aquenaton durante os anos finais de sua vida. Porém, quando ela saiu de cena, Smenkhkare ascendeu ao trono e confundiu a questão ainda mais, adotando o nome de Nefernefruaten ele mesmo, talvez para enfatizar que era o o sucessor escolhido por Nefertiti.
  Um grande número de objetos funerários encontrados na tumba de Tutancâmon havia originalmente ostentado o nome de Ankhkheperure ou nefernefruaten (ambos ocasionalmente combinados com o nome Meritaten), o qual havia sido apagado e substituído pelo de Tutancâmon.
Mas o estranho é que Smenkhkare não aparece em nenhuma inscrição, nem é retratado sob forma alguma, até subitamente ser elevado à posição de Rei do Alto e Baixo Egito, lá para o final do reinado de Aquenaton. Mesmo assim, partindo-se deste fato apenas, seria possível deduzir que ele era parente próximo de Aquenaton, mesmo que seja improvável que fosse filho do faraó. É plausível supor, então, que fosse filho de Amenhotep (Amenófis) III, embora embora sua mãe continue sendo desconhecida. Também é concebível que Tutancâmon, que também jamais apareceu em nenhuma obra de arte antes de sua ascensão ao trono, fosse da mesma maneira um irmão ou meio-irmão de Aquenaton, talvez irmão de sangue de Smenkhkare.
 
Parte I b: O profeta e o êxodo do Egito como não conhecemos  

Nenhum comentário:

Postar um comentário