Contos, crônicas, poesias, literatura em geral. Textos próprios baseados nas experiências daquele intervalo que existe entre a realidade e a ficção, naquele sonho no qual você ainda está acordado.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015
Meu Primeiro Beijo Lésbico-Hétero
O garçom passa e deixa uma uma garrafa de cerveja na mesa. Pego um copo e me sirvo. Alguns amigos se servem também e ficamos jogando conversa fora. Pego um copo de ponche. Deve ser ponche. Parece um suco de frutas, não sinto o gosto de álcool. É bom para matar a sede nessa noite tão quente.
Nós vamos para a pista, dançar, ou no meu caso fazer de conta que danço. A maioria é gay. Um dos caras vem falar comigo:
- Nossa, você é muito lindo!
- Obrigado, bondade sua.
Continuo ali. com um copo de cerveja em uma mão e, agora, um de Whisky na outra. Começo a conversar com uma menina, sobre coisas triviais. Seu nome é Mirian, a conheci há 2 dias. A pista esvazia um pouco no meio e ficamos nós dois ali. Eu a beijo. Foi bem legal. Ela vai ao banheiro, eu aproveito para ir também. No caminho uma garota me para:
- Oi, tudo bem?
- Tudo bem. Você é conhecida do pessoal aqui?
- Conheço o dono da casa.
- Qual seu nome?
- Lilian, e o seu?
- Billy, prazer.
É uma mulher bem bonita. com um vestido justo, curto e prateado.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Pergunte.
- Você é gay?
- Hahaha não, por que?
- Ah, é porque você sabe se vestir bem, é bonito e tem um monte de gay aqui...
- Mas não sou, não.
Me aproximo mais, a seguro pela cintura e a puxo para perto de mim, suavemente.
- Ei, você não estava ficando com uma menina?
- Acho que sim.
- E agora você quer ficar comigo?
- Isso.
- Mas não nos conhecemos direito ainda.
- Então vamos resolver isso. Mas antes vou ao banheiro.
No caminho encontro uma amiga.
- Oi Carol. Fiquei com a Mirian.
- Legal.
- Mas chegou uma outra menina em mim. Acha que pode rolar algum mal entendido?
- Não. Nada a ver. Ela gosta de meninas. Só fica com algum homem se for muito com a cara dele.
- Ah, então beleza.
Vou ao banheiro. Volto. Encontro a Lilian no jardim da casa. Nos sentamos em umas cadeiras que estavam por ali e ficamos conversando um tempo, nos conhecendo. Nos beijamos. Conversamos mais um pouco. Tiramos uma foto juntos, com o meu celular.
- Você não quer dar uma volta? Tomar um ar?
Respondo:
- Pode ser.
Nos levantamos e saímos pelas ruas. Ela me conta de um relacionamento conturbado que estava tendo. Um cara a tinha trocado, nas palavras dela, por uma "velha, gorda e feia".
- Mas não escolhemos esse tipo de coisa. Às vezes só gostamos, sem um motivo que faça sentido.
- Você me acha bonita?
- Muito bonita.
De repente, ela acelera o passo e começa a gritar, no meio da rua:
- Seu desgraçado! Filho da puta! Fica aí com essa gorda feia!
Ela continua seu discurso, eloquentemente, com muito fôlego. Eu a seguro. A impeço de atravessar a rua e vou fazendo com que continue para o caminho que íamos anteriormente.
Depois de um tempo ela se acalma. Nos sentamos nos degraus em frente à faixada de uma loja. Nos beijamos mais.
- Que raiva desse cara! Eu estou aqui com você, o cara que vi na festa e queria ficar. Era para eu estar feliz aqui. E acabo vendo ele e me deixa desse jeito! Ah, quer saber? eu deveria é aproveitar que estou aqui com você.
- Então vamos. Conhece algum lugar por aqui?
- Essa cidade é minúscula. Tem só dois hoteis aqui, mas não sei se vai ter vagas, por causa do festival que está tendo.
Fomos aos dois hoteis. Os dois disseram estar lotados.
- Olha, eu estou na casa de uma amiga. Não é longe daqui. Acho que não tem muito problema se formos para lá.
- Onde fica?
- Eu sei que primeiro temos que chegar na praça da cidade. Para que lado fica a praça?
Ela me olha com cara de descrédito:
- Você não sabe chegar em casa?!
- Sei. Mas tenho que ir por passos (riso).
- Tá. Vamos...
Chegamos à praça.
- E agora?
- Agora precisamos achar a agência bancária.
- Sério?! Você sabe mesmo aonde está indo?
- É claro que sei. (Em teoria pelo menos. Na verdade eu estava torcendo para que eu estivesse certo).
- Está aqui o banco.
- É só andarmos duas ou três quadras em frente e chegamos. (talvez) .
- Duas ou três quadras? Você está perdido...
- Não estou, não. Vamos. Estamos quase chegando. (eu espero).
Passadas as três quadras chegamos à rua certa. Que alívio... Ainda bem. Mas os problemas ainda não estão resolvidos. Ao chegarmos à casa, o portão está trancado com cadeado, e há uma cerca elétrica por cima dele. Ela cruza os braços e fica me olhando com uma cara que não sei definir bem, mas parece um pouco de desânimo e raiva.
- Vou tentar pular.
Ela não emite qualquer tipo de expressão. Pego um graveto do chão e atiro contra os fios da cerca elétrica: nada acontece. Subo no muro. Toco de leve e bem rápido na cerca, com a mão: nada acontece. Encosto mais algumas vezes para ter certeza. Parece desligada. Pulo por ela.
- Vou procurar as chaves. Já volto.
- Não vá me deixar aqui!
Estou começando a ficar razoavelmente incomodado em ficar recebendo ordens. Procuro as chaves na parte de baixo do sobrado e não as encontro. Estou bem bêbado, acho que isso dificulta um pouco as coisas. Subo as escadas. Tento fazer silêncio para não acordar a mãe da Carol, que também estava ali, passando alguns dias. Entro no quarto que dormi nesses dois dias aqui. Procuro as chaves e novamente não encontro nada. Olho para o coxão no chão. Que cansaço. Que vontade de deitar. Será que a Lilian ficaria muito braba comigo? Afasto rapidamente a ideia da cabeça e volto para fora da casa. Lá, encontro mais dois amigos que também estavam dormindo na casa. Também não tinham as chaves.
- Não encontrei as chaves.
- Como assim? E agora?!
- Você se importa muito em pular?
Não me pareceu uma pergunta muito inteligente, mas não dizem que perguntar não ofende? Acho que esse ditado precisa ser revisto.
- Você está brincando? É claro que eu não vou pular! vamos! Se vira! Você é um homem! Faça alguma coisa!
Mais ordens. E de forma nada delicada. Isso está começando a, realmente, não ficar divertido.
- Marisa... Marisa...
Ela sai do quarto.
- Oi. O que aconteceu?
- Voltei antes e preciso das chaves para abrir o portão.
- Como você entrou?
- Pulando.
- E a cerca?
- Desligada.
- Tem mais gente ali para entrar?
- Sim.
Ela me entrega as chaves. Vou ao portão e o destranco. Gean fala:
- Billy, como você entrou?
- Pulando.
- Eu fui pular, encostei o rosto no fio e fui jogado para trás. Parece que levei um soco!
- Sei lá... Vai ver alguém da casa da frente ligou agora. Mas por que você quis pular se eu já estava procurando a chave aqui?
- Ah, de bêbado...
Lilian entra, e caminha comigo em direção à casa.
- Tomara que pelo menos faça valer a pena...
Agora senti em mim um misto de raiva e vontade de rir. Achei algo um pouco cruel para se dizer. Vamos para o quarto.
Tiro sua roupa, a beijo. Vou descendo com minha língua por seu corpo até acabar em suas pernas.
Ela me diz depois de alguns minutos:
- Nossa! Você faz isso muito bem?
- Hahaha! Sério? Acha, mesmo?
- Eu não falaria se não achasse.
Continuamos a diversão. Depois de um tempo deita do meu lado. Parece um pouco triste e começa a falar do seu findo relacionamento. Escorrem algumas lágrimas de seu rosto. Nisso, minha amiga bate na porta, precisa pegar algumas coisas ali. Abro a porta e Lilian se esconde sob os lençois para esconder as lágrimas. A Carol sai do quarto. Olha para Lilian, seco suas lágrimas e a puxo montada para cima de mim. Ela logo esquece seus problemas novamente
Acho que valeu a pena para ela. Parece bem. O dia começa a amanhecer.
- Preciso ir. Vou pegar um taxi.
- Vou com você até acharmos algum.
Levanto. não sei onde está minha camisa e meus sapatos. Visto apenas a calça. No caminho, alguns caras mexem com a gente na rua. Apenas ignoramos. Nos despedimos e ela entra no carro. Volto para a casa. Deito e durmo.
Acordei por volta das 13 horas. Fui almoçar em um restaurante próximo. O dia passou calmo. À noite o pessoal decide se encontrar para beber. Saímos pelas ruas, bebendo vodca com refrigerante (tubão), tocando violão e cantando. Em certo ponto vou conversar com a Mirian. Ela me diz:
- Você sumiu ontem. Não te vi mais.
- É... fui dar uma volta. Posso te beijar?
- Olha, não me leve a mal, mas é que eu nem costumo ficar com meninos e hoje estou tranquila.
- Ah, tudo bem. A Carol tinha me falado que você preferia meninas.
- Mas foi super bom ontem. As vezes que beijei meninos não foram boas. Sempre foi áspero, estranho, não curti. E com você foi diferente. Foi muito bom... como se eu estivesse beijando uma menina.
Fiquei na dúvida, mas isso parecia ser um elogio... eu acho... Ela continua:
- Nossa! Acho que esse foi meu primeiro beijo lésbico Hétero.
Ok... A noite continua.
Assinar:
Postagens (Atom)