O que torna o outro
interessante? Falarei por mim: O que me atrai é o erro, o diferente, o estrago.
Nas palavras de William Maugham: "A perfeição tem um grave defeito:
tende a ser enfadonha". Vou além: chega a ser irritante. A pessoa da moda
- não por viver a moda mas por forjá-la -, a pessoa forçada, sem essência,
vazia, não mostra nada se não essa casca na qual se envolve para “fazer sucesso”.
Essa obviedade entediante, dissimulada: uma máscara, fraca e apática.
São as particularidades
que me fazem querer entender, conhecer. As atitudes loucas, as que fogem do
senso comum.
A obviedade, a lógica preguiçosa, é fácil perceber. Mas a
diferença... isso instiga. A dificuldade em
conhecer e entender o outro, isso me acaba e me encanta. É um prazer doloroso –
ou uma dor prazerosa.
As similaridades aproximam, mas as peculiaridades fascinam - ou afugentam, claro, dependendo do quê e da intensidade.
Assim, essas particularidades devem estar em consonância com as necessidades, em
alguma medida.
O cabelo perfeito,
com a roupa perfeita, o comportamento perfeito, o sorriso perfeito... o perfeito
chato. Mas aquele olhar que você não decifra, o jeito de andar, o pensamento
que dá voltas por caminhos que você nunca imaginou: isso, sim, fascina.
“Decifra-me ou te
devoro”. Quero o que não se decifra fácil, e devoro - e quero devorar - enquanto
decifro. O que eu já sei me entedia. Não é que eu busque o novo: nada disso. Gosto
do complexo, das tonalidades e tensões que compõem a obra toda. Dos leves
gostos perdidos no todo, os quais você tenta reconhecer, e eles ficam na ponta
da língua e te fazem querer mais.
É claro que não é do
mesmo jeito com todo mundo. Há pessoas que são apaixonadas por esse ideal de...
de seja lá o que for. Parece-me que pessoas pequenas de espírito é que se atraem
por essa falta de “personalidade”. Essas, querem controlar – e um controle fácil:
pessoas fracas.
Gosto da autenticidade,
da força, da personalidade de verdade. Gosto da pessoa realmente humana. Com todas
suas excentricidades e disparates. O cheiro de carne e sangue, não o de plástico.
Sinto-me um
desbravador - ou pirata. Busco o horizonte, a luta, a vida. Sem medo, sem arrependimento,
sem volta.
Em suma: o que atrai -
as pessoas de verdade – não é a perfeição. É o defeito. O defeito tolerável,
sim - cada um com seus limites. Mas é ele que atrai e prende. Que venha o
defeito, que o que vem é perfeição.
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