quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Perder a virgindade é Arte?

 Já viram a notícia sobre "Jovem estudante pretende perder a virgindade anal em performance artística"? Aqui está o link http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2013/11/04/jovem-estudante-pretende-perder-a-virgindade-anal-em-performance-artistica.htm. Bem, aqui coloco minha opinião à respeito dessa "arte".

  Esse é o problema com essa "Arte" que pode ser mas também pode não ser, que depende de análise e blá blá blá... Quando tudo é Arte, nada é Arte. "Perder a virgindade é a última coisa que vai acontecer uma única vez na vida de uma pessoa", não, não é! Se essa é a intenção, mais contundente seria dar um tiro na cabeça e dizer que é Arte (ainda mais porque o conceito de morte é melhor definido do que o de virgindade). Ah, mas esse extremo é ridículo? Então de um tiro no seu braço, se crucifique pelado num fusca e saia por aí defendendo o seu corpo como suporte artístico de uma forma magnificamente estúpida. Agora qualquer "quebra" de paradigma é Arte? Isso é vocação pra ativismo. Uma coisa não exclui, necessariamente, a outra, mas são coisas diferentes.

  É importante para a Arte testar seus limites, forçá-la, desafiá-la e transgredi-la, mas nada garante que com isso se faça Arte. Podemos afirmar com certeza que são pesquisas, estudos, mas Arte seria o trabalho final, acabado, bem resolvido – quando possível reconhecê-lo assim -, não todas as tentativas que se fez no percurso. A Arte é trabalho, suor, estudo, ciência.

  Delimitar a Arte não é engessá-la, bem diferente disso, é não banalizá-la. Todos podem ser artistas? A princípio, sim. Mas todos são artistas? Não. Expressar, chocar, discutir, transgredir, ou seja lá o que for, não é Arte, ela pode fazer tudo isso, mas nada disso é um determinante para a Arte. Forma de expressão também não é Arte, é forma de expressão. E tempo de estudo não é sinônimo de qualidade do estudo, mas muitas pessoas têm dificuldade em reconhecer que , algumas vezes, o caminho que escolheram não é o mais adequado, que sua tese é furada; são incapazes de se rever, assumir erros - bem como acertos - para criar argumentos - ou produções/pesquisas artísticas - mais fortes e próximos da verdade; porque é bem mais fácil eu me abraçar à minha paixão do que raciocinar e talvez ter que abandonar alguns conceitos duvidosos nos quais trabalhei tanto.

  Valeria mais o rapaz da “obra” em questão estudar cinema e fazer um filme "pornô arte". Isso sim, bem mais coerente. Porque é diferente falarmos em Arte enquanto artes visuais e Arte enquanto “cinema”, assim como é diferente um vídeo-arte de um filme.

  Acho que o trabalho conceitual enquanto se resolve visualmente é válido como arte visual, com base na visualidade e completando seu processo artístico intelectualmente (é, isso eu “acho”, não estou afim de afirmar categoricamente e ter que discorrer mais sobre um assunto que não é o foco da discussão, o que não seria muito difícil). Mas o pensamento como suporte artístico? Será? Então é melhor fazer algo tipo ciência política, onde pode-se estudar cientificamente essas “transgressões” e ainda pensar suas implicações na sociedade e, sim, aí o pensamento é o suporte, que pode ser externalizado de várias formas (normalmente é por meios verbais ou escritos). Mas para quê, se eu posso simplesmente ler alguns livros e dar o brioco em público, né?

  Por favor, isso não é uma crítica a esse ou àquele tipo de Arte, ou uma forma de tentar agredir alguém, é uma crítica à pseudo-arte.

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