Esse é o problema com
essa "Arte" que pode ser mas também pode não ser, que
depende de análise e blá blá blá... Quando tudo é Arte, nada é
Arte. "Perder a virgindade é a última coisa que vai acontecer
uma única vez na vida de uma pessoa", não, não é! Se essa é
a intenção, mais contundente seria dar um tiro na cabeça e dizer
que é Arte (ainda mais porque o conceito de morte é melhor definido do
que o de virgindade). Ah, mas esse extremo é ridículo? Então de um
tiro no seu braço, se crucifique pelado num fusca e saia por aí
defendendo o seu corpo como suporte artístico de uma forma
magnificamente estúpida. Agora qualquer "quebra" de
paradigma é Arte? Isso é vocação pra ativismo. Uma coisa não
exclui, necessariamente, a outra, mas são coisas diferentes.
É importante para a
Arte testar seus limites, forçá-la, desafiá-la e transgredi-la,
mas nada garante que com isso se faça Arte. Podemos afirmar com
certeza que são pesquisas, estudos, mas Arte seria o trabalho
final, acabado, bem resolvido – quando possível reconhecê-lo
assim -, não todas as tentativas que se fez no percurso. A Arte é
trabalho, suor, estudo, ciência.
Delimitar a Arte não
é engessá-la, bem diferente disso, é não banalizá-la. Todos
podem ser artistas? A princípio, sim. Mas todos são artistas? Não.
Expressar, chocar, discutir, transgredir, ou seja lá o que for, não
é Arte, ela pode fazer tudo isso, mas nada disso é um determinante
para a Arte. Forma de expressão também não é Arte, é forma de
expressão. E tempo de estudo não é sinônimo de qualidade do
estudo, mas muitas pessoas têm dificuldade em reconhecer que ,
algumas vezes, o caminho que escolheram não é o mais adequado, que
sua tese é furada; são incapazes de se rever, assumir erros - bem
como acertos - para criar argumentos - ou produções/pesquisas
artísticas - mais fortes e próximos da verdade; porque é bem mais
fácil eu me abraçar à minha paixão do que raciocinar e talvez ter
que abandonar alguns conceitos duvidosos nos quais trabalhei tanto.
Valeria mais o rapaz
da “obra” em questão estudar cinema e fazer um filme "pornô
arte". Isso sim, bem mais coerente. Porque é diferente falarmos
em Arte enquanto artes visuais e Arte enquanto “cinema”, assim
como é diferente um vídeo-arte de um filme.
Acho que o trabalho
conceitual enquanto se resolve visualmente é válido como arte
visual, com base na visualidade e completando seu processo artístico
intelectualmente (é, isso eu “acho”, não estou afim de afirmar
categoricamente e ter que discorrer mais sobre um assunto que não é
o foco da discussão, o que não seria muito difícil). Mas o
pensamento como suporte artístico? Será? Então é melhor fazer
algo tipo ciência política, onde pode-se estudar cientificamente
essas “transgressões” e ainda pensar suas implicações na
sociedade e, sim, aí o pensamento é o suporte, que pode ser
externalizado de várias formas (normalmente é por meios verbais ou
escritos). Mas para quê, se eu posso simplesmente ler alguns livros
e dar o brioco em público, né?
Por favor, isso não é
uma crítica a esse ou àquele tipo de Arte, ou uma forma de tentar
agredir alguém, é uma crítica à pseudo-arte.
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